A pobreza menstrual é um termo que se refere à falta de acesso adequado a produtos de higiene menstrual, como pensos higiénicos, tampões ou copos/discos menstruais, devido a restrições financeiras.
Esta condição considera também a falta de acesso a água, saneamento básico e desigualdade social. A pobreza menstrual afeta principalmente mulheres e meninas que não têm recursos suficientes para comprar produtos menstruais mensalmente, circunstância que provoca consequências físicas, emocionais e sociais.
‘’Estima-se que, em todo o mundo, pelo menos 500 milhões de mulheres vivem em pobreza menstrual e não conseguem ter acesso a condições de higiene adequadas.’’ (TSF)
Este é um tema que tem vindo a ganhar a sua consideração em debates políticos, manifestações entre influencers ativistas e profissionais de saúde. A importância de olharmos para esta realidade e fazermos alguma coisa, está cada vez mais ‘’gritante’’.
Indissociável da dignidade menstrual (ver artigo no blog) a pobreza menstrual tem várias incidências na vida de muitas mulheres:
- Impacto na saúde: a falta de acesso a produtos menstruais adequados pode levar a problemas de saúde, como infeções urinárias e infeções vaginais, devido à improvisação com materiais inadequados. Além destas questões físicas, o stress e a ansiedade relacionados com falta de condições de produtos menstruais na vida de uma mulher/menina, afetam significativamente o bem-estar emocional.
- Faltas na escola e trabalho: muitas meninas que enfrentam pobreza menstrual faltam à escola durante os seus períodos, prejudicando a sua educação e oportunidades futuras. A falta de produtos menstruais adequados, pode levar as mulheres a faltar ao trabalho (normalmente por si já precário).
- Estigma e constrangimento: a falta de produtos menstruais pode causar vergonha e constrangimento, o que pode levar à exclusão social e à diminuição da autoestima, impactando negativamente o desenvolvimento emocional e a autoconfiança.
- Custos a longo prazo: ao longo do tempo, os custos contínuos com produtos menstruais podem ser substanciais, dificultando a vida de mulheres com recursos financeiros limitados, levando à desistência da sua compra e à utilização de recursos improvisados desadequados.
- Desigualdade de género: a pobreza menstrual é uma manifestação da desigualdade de género, uma vez que afeta apenas o sexo feminino. A falta de acesso a produtos menstruais é um exemplo de como as questões de género e a disparidade económica estão interligadas.
Para abordar e combater a pobreza menstrual são necessárias várias medidas, das quais se podem destacar:
- Programas de distribuição gratuita ou subsidiada de produtos menstruais: (algumas organizações e governos já implementaram programas para distribuir produtos menstruais gratuitamente ou a preços reduzidos para mulheres e meninas em situação de pobreza.) Seguir o exemplo fará toda a diferença.
- Educação menstrual: é importante promover a mesma entre as mulheres e meninas, para que compreendam o seu ciclo menstrual, quais os cuidados de higiene necessários e as opções de recolha menstrual disponíveis.
- Apoio à saúde feminina: organizações e comunidades devem oferecer apoio na saúde menstrual, incluindo tratamento médico para problemas de saúde intima.
- Apoio psicológico e emocional: o stress emocional e os constrangimentos relacionados com a menstruação devem ser considerados, bem como o seu devido apoio psicológico e emocional, só assim se poderá ajudar a melhorar o bem-estar mental relacionado com o ciclo menstrual.
- Campanhas de consciencialização: promover a consciencialização sobre a pobreza menstrual é fundamental! Consegue-se através de campanhas, petições para mudanças de políticas, envolvimento de escolas e entidades de saúde, contando com o interesse e divulgação dos meios de comunicação.
- Incentivo à produção de produtos sustentáveis: incentivar e apoiar a produção local de produtos menstruais sustentáveis - como pensos higiénicos reutilizáveis ou copos/discos menstruais - pode ajudar a criar empregos e tornar os produtos mais acessíveis.
- Políticas públicas: é importante que as políticas públicas considerem a pobreza menstrual, de forma a incluir produtos menstruais em programas de assistência social, implementar programas de educação menstrual nas escolas e a remover os impostos sobre esses produtos.
A pobreza menstrual é uma questão global e complexa que requer esforços coordenados de governos, organizações sem fins lucrativos, comunidades e indivíduos para garantir que todas as mulheres e meninas tenham acesso adequado a produtos menstruais e possam viver com dignidade durante seus ciclos.
Embora a pobreza menstrual tenha maior incidência e prevalência em países com piores condições socioeconómicas e com menos acesso a recursos de saúde e educação, este é um problema que afeta mulheres e meninas um pouco por todo o mundo, independentemente do país ou região em que vivem. A falta de acesso a produtos de higiene menstrual pode ocorrer em qualquer lugar e a extensão do problema pode variar amplamente mesmo dentro de um país.
‘’Num estudo de 2020 sobre a perceção de 445 mulheres portuguesas sobre menstruação e higiene menstrual, apresentado na Universidade do Minho, quase 17% afirmaram ter dificuldades na compra de produtos como pensos higiénicos, tampões ou o copo menstrual.’’ (in https://observador.pt/opiniao/pobreza-menstrual-uma-questao-de-dignidade/)
Para lidar com a pobreza menstrual já existem várias organizações, governos e iniciativas a trabalhar a nível global, nacional e local para fornecer produtos menstruais acessíveis e educação menstrual, conseguindo progressivamente combater os estigmas associados à menstruação.
Só trabalhando juntos poderemos enfrentar este desafio e será possível melhorar a saúde e o bem-estar de mulheres e meninas em todo o mundo.
Na Flow temos todo o interesse, vontade e disponibilidade para ajudar a mudar este paradigma.
Queremos levar a informação sobre educação menstrual a todo lado, por isso, se pertences a alguma associação empresa ou escola e gostarias que dinamizássemos uma sessão, entra em contacto connosco.
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Margarida L.
Fontes:
https://observador.pt/opiniao/pobreza-menstrual-uma-questao-de-dignidade/
https://www.tsf.pt/programa/verdes-habitos/menstruacao-sustentavel-do-combate-a-pobreza-menstrual-aos-pensos-e-cuecas-reutilizaveis-16434793.html
https://www.publico.pt/2022/05/25/p3/cronica/palavrao-comecado-p-pobreza-menstrual-2007668
imagem retirada de: oglobo.com